Foto: Alexandre Nunis/ Divulgação
Lançamento: livro 'Lourdes Barreto: Puta Autobiografia'
Ativista da luta por direitos humanos e das mulheres, Lourdes completou 80 anos.
Lourdes Barreto, ativista dos direitos humanos e feminista, lançou no dia 23 de novembro de 2023, o livro “Lourdes Barreto: Puta AutoBiografia” (Editora Paka-Tatu), em um evento no Theatro da Paz (Belém/PA).
Aos 80 anos recém-completados, Lourdes já havia sido homenageada no Carnaval de Belém, no mesmo ano, pela escola de samba Piratas da Batucada, e foi também tema de um vídeo-documentário, cujo teaser foi exibido durante o lançamento do livro. A programação no Theatro da Paz contou ainda com a apresentação do samba-enredo do Piratas e do espetáculo teatral “Nas Brenhas”, produzido pelo Grupo de Mulheres Prostitutas do Estado do Pará (Gempac).
O livro narra a trajetória de vida e as lutas de Lourdes, que se tornaram referência nacional por impulsionarem políticas públicas em defesa das mulheres. “A palavra ‘puta’ toda a sociedade usa, mas não respeita. Faço questão que seja uma palavra pública. Sou puta”, afirmou Lourdes durante o evento.
Natural da Paraíba, Lourdes relatou em sua biografia que deixou a casa da família aos 14 anos, após sofrer violência doméstica e sexual. “Resolvi ser uma mulher livre, fazer o que eu quisesse da minha vida, usufruir desse direito após tudo o que aconteceu. Encontrei acolhimento na prostituição”, contou. Depois de trabalhar em cabarés em estados como Pernambuco, Ceará e Rio Grande do Norte, Lourdes fixou residência em Belém do Pará em 1955, cidade que descreveu como “morena, linda e maravilhosa”. Foi em Belém que ela deu início à sua militância, organizando as prostitutas para combater a exploração no trabalho, a violência e em busca de direitos.
Em 1987, ao lado de Gabriela Leite, fundou a Rede Brasileira de Prostitutas, a primeira organização da categoria em âmbito nacional na América Latina, e ajudou a instituir o 2 de junho como Dia Internacional da Prostituta, o “Puta Day”, marco de reivindicações por políticas afirmativas, incluindo a prevenção à Aids e o combate à violência contra a mulher. Lourdes também se destacou como conselheira nacional e estadual dos Direitos da Mulher e como candidata à vereadora de Belém no ano 2000. “Aprendi com a vida que o que você puder fazer, faça”, destacou em seu discurso.
Programação do evento
O lançamento do livro foi marcado por apresentações culturais e homenagens. O espetáculo “Nas Brenhas”, produzido pelo Gempac, abordou temas como amor, maternidade, violência, militância e o trabalho na prostituição. Após a peça, foi exibido o teaser do documentário biográfico “Ondas de Lourdes”, com direção de Elaine Bortolanza e co-direção de Dário José, com roteiro da própria Lourdes Barreto. O evento também contou com a apresentação do samba-enredo do Piratas da Batucada, intitulado “Um Rendez-Vous de Grandes Mulheres”, como homenagem à ativista.
Ficha técnica
O livro teve como editor-geral Armando Alves Filho e editora-adjunta Suely Nascimento, capa e design editorial de Luciano Silva e curadoria e edição de textos de Elaine Bortolanza e Leila Barreto, filha de Lourdes. A publicação teve o apoio de emendas parlamentares da ex-deputada estadual Marinor Brito (PSOL) e do então deputado federal Edmilson Rodrigues (PSOL), por meio da Universidade Federal do Pará (UFPA) e Fundação de Amparo e desenvolvimento à Pesquisa (Fadesp).
Apoio cultural da Namazônia sob a coordenação de Fatinha Silva, governo do Estado do Pará, por meio da Secretaria de Cultura (Secult) e Fundação Cultural do Pará (FCP), da Prefeitura de Belém, por meio da Fundação Cultural de Belém (Fumbel) e da Coordenadoria da Mulher (Combel), e da deputada estadual Lívia Duarte (PSOL).